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Política entre aspas

8 de agosto de 2010

A política é um meio em que se precisa ter mais sabedoria e manejo prático e intelectual para equilibrar as demandas da população e gerir a comunidade de modo competente e responsável. Todos sabemos, no entanto, que muitos políticos, com anos de carreira (termo considerado “pejorativo” no meio) e, em muitos casos, de corrupção, perpetuam-se no Executivo e Legislativo nacional sem o menor constrangimento, com total despreparo.

A lei brasileira permite que qualquer cidadão, em pleno exercício de seus direitos políticos, possa se candidatar a cargos públicos, com algumas ressalvas. Esses “poréns”, no entanto, não são suficientes para barrar alguns candidatos que caem de paraquedas na política, com qualquer outro objetivo que não um ideal de transformação social. Política é uma palavra social, e quem está nela sem esse pensamento, está no lugar errado.

Nessa onda está um recente fenômeno entre as legendas brasileiras, que cresce a cada eleição e provoca a indignação de uns e o riso de outros. Jogadores de futebol, cantores, celebridades instantâneas…figuras populares, reconhecidas por outros méritos, são chamadas para se candidatarem e puxarem votos, como foi o caso de Clodovil Hernandes, candidato a deputado federal pelo PTC, em 2006, morto em março de 2009 após sofrer um AVC. Hernandes foi o segundo parlamentar mais votado de São Paulo (atrás de Paulo Maluf), puxando para a Câmara Federal mais dois deputados de seu partido. A lógica do “puxador de voto” é uma afronta à sociedade, que é obrigada a se ver representada por políticos que não têm o seu consentimento.

Segundo matéria publicada no portal Terra, no ano passado, os partidos correm atrás de artistas também para ajudar a melhorar a imagem da classe política brasileira, manchada por escândalos quase diários. Essa justificativa, se não soa ingênua, é no mínimo vergonhosa, porque não há sentido em se pensar que artistas como Tati Quebra-Barraco (PTC) ou a Mulher Melão (PSH) trarão credibilidade ao meio político. Acham que Vampeta (PTB) vai melhorar a imagem de Roberto Jefferson (também PTB)? Além deles, nomes como Marcelinho Carioca (PSB), Tiririca (PR) e até o “rei do brega” Reginaldo Rossi (PDT) estão na disputa por uma vaga em Assembléia Legislativa ou Câmara Federal.

Na Bahia, teve-se a sorte da desistência de Cumpadre Washington (PSL) à candidatura para deputado estadual, mas ainda encontram-se na concorrência nomes como Uziel Bueno (PTN), que aproveita a sua popularidade como comunicador e (creiam!) comunicólogo, para fazer carreira em um meio mais cruel que o seu de origem.

Capacidade – Se é precipitado fazer um julgamento genérico sobre os candidatos artistas, em alguns casos, é possível provar que a política tende a selar trajetórias de sucesso. Candidatos a deputado federal e estadual, respectivamente, pelo Democratas, os irmãos Kiko e Leandro, da boyband KLB, já mostraram em entrevista à TV UOL que não sabem a que vieram. Falando de política “entre aspas”, Kiko demonstra ter mais familiaridade com o tema, mesmo sem saber o porquê de ter aderido ao DEM – além do convite do “amigo” Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo. Já Leandro se limita a fazer intervenções como a de qualquer adolescente que não quer saber de política e não sabe em quem votar. E estão os dois contra a pedofilia.

Como já foi dito, é perigoso fazer julgamentos genéricos e precipitados. A candidata a deputada estudual pelo PR, Léo Kret, apesar das críticas e por ter entrado na política pelo “oba-oba”, esteve à frente da luta pela regulamentação dos mototaxistas enquanto  vereadora, o que é um ponto positivo. Se a dupla pop for eleita, vamos lembrar da proposta e cobrar o que será feito para amenizar a pedofilia no Brasil.

5 Comentários leave one →
  1. 8 de agosto de 2010 2:03 PM

    Esse é uma grande eleição no Grande Circo Brasil! No comando, os homens com colarinhos em vários tons sujoa; como mágicos, políticos que escapam da Lei da Ficha Limpa; os animais, são os políticos mais “doces” do Governo, como Collor, Calheiros, entre outros safados; e como palhaços, os KLB’s, Tiririca, entre outros.
    O espetáculo não vai parar. É sempre um Circo de horrores. As aspas dessa política nunca serão tiradas, pq macacos e palhaços sempre andam juntos.
    Texto massa, adorei a sitação sobre o Cumpadre Washington.

  2. 11 de outubro de 2010 10:28 PM

    Olá muito bom seu blog !

    Esse post sobre os “candidatos celebridades” é bastante providencial.

    abraços

  3. 11 de outubro de 2010 10:29 PM

    só pra corrigir o link do post anterior…

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